O pessoal do site Guru3D estava realizando alguns testes de performance com o jogo Anno 2070, da BlueByte / Ubisoft, o qual possui um limite de até 3 ativações, e acabou descobrindo que o sistema de DRM utilizado no jogo também conta trocas de placas de vídeo (e possivelmente outros tipos de hardware) como novas instalações. A equipe do site acabou sendo impedida de continuar com os testes quando resolveu instalar uma GPU NVIDIA GTX 590. A simples instalação desta placa contou como mais uma instalação, e o limite foi “estourado”.
Bom, tudo já foi resolvido, a Ubisoft mais uma vez teve o seu nome envolvido com problemas relacionados a DRM, e a desenvolvedora, a BlueByte, garantiu que placas de vídeo não seriam mais monitoradas, digamos, no momentos de identificar PCs. Opa, mas quer dizer que o “buraco é mais embaixo”. Quando uma empresa diz que removeu determinado tipo de hardware do “hash utilizado para identificar o PC“, isto pode significar que mais itens “indevidos” podem estar sendo monitorados pelo sistema de DRM para acompanhar e limitar o número de instalações.
Será que, talvez, uma troca de um simples pente de memória pode contar também como uma nova instalação? Que critérios seriam, portanto, utilizados por desenvolvedoras e publishers no momento de impor limites a quem comprou o seu game (claro, quem comprou ali no camelô da esquina vai rodar o game até no liquidificador, e vai trocar o copo centenas de vezes)?
Brincadeiras à parte, acredito que até mesmo este limite de 3 instalações seja ridículo, mesmo com a informação de que novas instalações sejam liberadas se necessário. A Ubisoft, aliás, chegou a dizer que “o DRM estava trabalhando como pretendido. Bom, se uma empresa pretende irritar seus clientes, e concorda com o fato de um cliente ser obrigado a ficar sem jogar temporariamente simplesmente devido a um upgrade em seu PC, além de fazer com que ele muitas vezes tenha de esperar um bom tempo antes de poder usufruir de algo pelo qual pagou, é possível, então, que esta mesma empresa não dê muita atenção ao fato de que ao assim agir ela está fomentando indiretamente o “mercado negro” que deseja justamente combater diretamente? Afinal, todos sabemos que um jogo “pirateado” não representa um jogo não vendido.
Muita gente, aliás, pode comprar Anno 2070, por exemplo, e sofrer um bocado caso atinja o número máximo de ativações. Muita gente não fala inglês (idioma padrão no momento da solicitação do suporte técnico), e as dores de cabeça que podem se originar deste “simples esquema” para combater a cópia ilegal de jogos no PC pode justamente ter efeito contrário ao desejado. Será que podemos culpar alguém que, por exemplo, comprou o jogo original, teve problemas com o DRM, não conseguiu jogar e resolveu, então, partir para a “pirataria”, justamente para poder utilizar o produto pelo qual pagou?
Longe de mim afirmar que a pirataria deve ser elogiada, ou que ela é a solução. Muito pelo contrário. A pirataria é um grande mal, todos sabemos disso e bla, bla, bla. Entretanto, estas grandes empresas também não colaboram nem um pouco, e tratam o jogador pagante como alguém que está em posse de algo roubado, enquanto aqueles que baixaram o jogo ilegalmente estão pouco se importando com tudo isto. Eles vão instalar o jogo onde bem entenderem, quantas vezes quiserem, e trocas de placas de vídeo jamais será um problema para eles.
Ficar sem jogar quando você tem tudo em mãos para fazê-lo, inclusive a vontade, é inadmissível. Já passei por problemas semelhantes no passado, justamente com a série Assassin’s Creed. Problemas na comunicação entre minha máquina e os servidores da Ubisoft (problemas “do outro lado”) me deixaram sem jogar por algumas horas, sendo que no momento da compra meu dinheiro foi aceito bem rapidamente, é claro. Até quando teremos de conviver com situações assim?
Algo tão básico como jogar um jogo eletrônico (nem tanto muitas vezes, ok) pode se tornar motivo de irritação e angústia, quando os jogadores se deparam com títulos de determinadas empresas que deveriam prestar mais atenção na concorrência.
(Via: Joystiq)
Deus do céu! Ubisoft, acorda! Sabe o que você vai ganhar com isso? MENOS clientes.
@Erick,
Pior é que, mesmo assim, Erick, duvido muito que ela perca alguma coisa. Ela tem muitas ótimas franquias nas mãos, e franquias que não são exclusivas do PC. Espero que pouco a pouco ela, e todas essas outras empresas que acham que “DRM é bacana” percebam que ele não serve pra nada.
@FrankCastle,
Eu também, Diego, e justamente por isso dá muita tristeza quando algo assim acontece. Bem lembrado, pode ser um sistema pra prevenir a venda de jogos usados. Mas de qualquer forma quem comprou e não tem intenção de trocar, vender, etc (não sei se o Anno 2070 pra PC é vendido em caixa e/ou, se é, em que lugares), acaba se lascando também quando esse tipo de coisa acontece. Triste isso tudo.
@Hideki T,
Tem tantas outras maneiras, não Hideki? E porque também não partem pro lado da conscientização, e não oferecem algo mais, algo que faça ser mais vantajoso comprar o original? Tipo, igual o GOG faz, oferecendo um monte de extras super bacanas. Quando você compra um jogo pra Xbox 360, por exemplo (pelo menos a grande maioria, atualmente), dá até raiva. O manual tem no máximo 2-3 páginas.
Admiro muito a Ubisoft pelas obras intelectuais que ela possui, mas acho que admiração termina por aí. Pois desde a questão do DRM até o trato com os clientes, inclusive no Brasil, a Ubisoft deixa muito a desejar.
Porém, acho que isso aí não é um sistema anti-pirataria, é um sistema “Anti-JogoUsado”, “Anti-JogoEmprestado”. Ou seja, ao invés de colocar limitações para quem comprou o jogo pirata, vai impor limitações a quem comprou legalmente e pagou pelo jogo!
Sistema ridículo e ineficaz, me pergunto até quando as empresas vão gastar os tubos desenvolvendo sistemas para combater a pirataria quando o melhor seria atrelar o serial a uma conta na Steam ou loja semelhante.