Com a introdução do “lado multiplayer” nos jogos eletrônicos, o que antes era uma experiência solitária se transformou em algo mais amplo. O que antes isolava jogadores do mundo, agora os introduz em “novos ambientes” e os coloca em contato com pessoas diferentes, de diferentes culturas e modos de enxergar a vida (e de jogar). Jogos online, é disto o que estou falando. Da possibilidade de jogar o seu game preferido juntamente com outras pessoas.
Há até pouco tempo atrás (afinal, o que são 20, 30 anos na história da humanidade?) jogar vídeo-game era um “fator isolador”. Isolador do mundo real. O gamer trancado em seu quarto, com o controle de seu Atari 2600 nas mãos (é, passei por esta época), debulhando jogos como Decathlon, River Raid, Frogger, Pac-Man e tantos outros, se esquecia, muitas vezes, de que existia vida fora da máquina, e isto acabava sendo um tanto quanto triste.
Não que o simples fato de jogar vídeo-game representasse/represente algo danoso e/ou melancólico, principalmente quando em jogos “solo”, sem amigos para um jogo “um contra um”, mas o fato é que nesta época “singleplayer only”, jogar vídeo-game acabava por retirar o jogador do convívio com outros seres humanos de uma forma um tanto quanto diferente, pois o inseria em um “outro mundo” repleto de vida artificial, apenas, sem lhe oferecer outras opções. Algo muito diferente ocorria, e ainda ocorre, com jogos de tabuleiro, jogos de cartas, etc, onde a presença de outras pessoas é necessária.
A atual geração de consoles e a mudança que ela provocou no universo dos vídeo-games
Este, talvez, tenha sido um dos fatores que fizeram com que os jogos eletrônicos fossem, pouco a pouco, sendo visto com maus olhos por grande parcela da sociedade. Isto começou a mudar, pelo menos no quesito “sociabilidade”, na atual geração, quando Sony, Microsoft e Nintendo construíram as redes em torno de seus consoles (PSN, Xbox Live e WiiWare, respectivamente).
Agora, podemos ligar nossos consoles mesmo se não tenhamos vontade de jogar. Podemos ligá-los apenas para conversar com nossos amigos, amizades muitas vezes feitas nas próprias redes. Agora, o que antes podia ser solitário se transformou em uma experiência extremamente social. Jogos eletrônicos não são mais o que eram há 10, 20 anos atrás, quando nada mais era necessário além do console, dos controles, do jogo e de uma televisão. Agora, existe um “algo mais” necessário: conexão. Conexão à internet e conexão com outras pessoas. Pessoas reais, possuidoras do mesmo console que você ou pertencentes à mesma rede.
E possível manter contato com seus amigos gamers mesmo enquanto você joga na Xbox Live, em seu Xbox, e eles jogam Games For Windows Live, em seus PC’s. Uma pena não ser possível disputar partidas “cross platform”, algo que foi meio que abandonado pela Microsoft, pois aí a integração, a interatividade, a liberdade e o lado social dos games seria ainda maior. Hoje em dia, ouço muitos amigos dizerem que ligaram seus consoles apenas para bater papo. Ou seja, um console de última geração hoje em dia, sem conexão à internet, é um “ponto morto”. Ele está “escondido”, à parte da interatividade que as redes online proporcionam e que, em minha opinião, é um dos pontos fortes da atual geração de vídeo-games.
Compre um Xbox 360 ou um Playstation 3, por exemplo, e me diga quanto tempo você conseguirá ficar sem conectá-lo à internet. Se você quiser aproveitar tudo de bom que eles oferecem, eu já sei a sua resposta: “muito pouco tempo”. A conectividade dos consoles à internet e o consequente acesso às suas redes online proporciona ao jogador maneiras de não somente jogar, mas sim de interagir. De sair do comodismo. Jogar contra a inteligência artificial não é a mesma coisa que jogar contra jogadores reais. Contra pessoas que podem possuir as mesmas habilidades que você ou não. Isto proporciona uma riqueza de detalhes, experiências, alegrias (muitas vezes tristezas, quando você leva um headshot em Modern Warfare 2 sem saber de onde veio o tiro 🙂 ) e faz tanto bem, que muita gente abandona o singleplayer em detrimento do multiplayer muito frequentemente, e por grandes períodos de tempo.
Muitas pessoas compram um game apenas pensando em seus modos multiplayer. Apenas pensando em jogar o modo cooperativo online que muitos deles possuem. A relação entre os consoles de última geração e o multiplayer é a mesma entre os computadores e a grande rede. Nada muda, o hardware é o mesmo, os recursos são os mesmos, você pode instalar os mesmos softwares/games, etc. Entretanto, o lado mais rico fica de fora se não existe multiplayer/conexão à internet. Fique sem conexão à internet por algum tempo e me responda depois se você permaneceu por muito tempo em frente ao seu computador, durante este período.
Hoje em dia tudo está se voltando para o “social”. Games musicais com integração à Last.fm, a qual, aliás, é uma grande rede social musical. O Xbox possui integração com o Twitter, com o Facebook e com a própria Last.fm. Muita gente deixa de comprar grandes games se estes não possuírem suporte a partidas online, e muitas empresas têm dado mais atenção a esta parte do que ao modo campanha de seus games.
Multiplayer versus Singleplayer
Confesso que sou louco também por uma boa história. Adoro explorar a campanha de todos os games que compro. Ao máximo. Perco muito tempo, muito mesmo, explorando o cenário, pesquisando, levantando dados a respeito da história do game na internet, lendo reviews (mesmo que eles nunca sejam fator decisivo em minhas compras), e posso dizer que a importância que dou ao singleplayer é a mesma que dou ao multiplayer.
Adoro interatividade, mas também adoro a solidão e a calmaria de jogar sozinho. É interessante notar que, muitas vezes, começamos a escrever um artigo pensando “na multidão” e em seu final terminamos por mencionar que somos também “adeptos” da solidão. De um cantinho no qual possamos jogar nossos games com tranquilidade, “desconectados” e deixando a história nos levar.
Mas é interessante também observarmos que sem a conectividade, a atual geração de consoles não teria chegado onde chegou. Consoles desconectados são como pontos cegos no radar. A PSN e a Xbox Live são justamente os maiores apelos do Playstation 3 e do Xbox 360, respectivamente. Agora vem a pergunta final: Como o multiplayer fez dos games uma experiência social?
São inúmeras as respostas possíveis, e todas elas possuem um ponto em comum: interligando mentes. Conectando pessoas. Transformando games em encontros sociais. Transformando partidas de jogos de guerra em motivos para boas gargalhadas. Transmutando a água muitas vezes insossa do singleplayer em um delicioso vinho chamado multiplayer. Transformando os consoles em máquinas sociais.
Desconecte sua máquina de jogos da internet por uma semana, e me diga qual a sensação após este período. 🙂
“Desconecte sua máquina de jogos da internet por uma semana, e me diga qual a sensação após este período. ” Você está louco!? Endoidou o cabeção!? hahahaha. Brincadeira.
Poxa legal a matéria.
Já discuti isso inúmeras vezes com várias pessoas e nunca me canso de conversar sobre.
Com certeza absoluta o multiplayer vem como forma sim de socialização.
Quando jogávamos um atari (é, eu também passei por essa fase hehehe), se você parar para pensar, já existia um fator de sociliazação, que era o segundo controle.
Claro que a o número de pessoas a qual se poderia jogar, normalmente, se restringia aos nossos amigos e parentes, mas não deixa de ser um fator social.
Seja o vizinho, amigo da escola, primos, todos ficavam amontoados na sala de casa esperando a sua vez de jogar, conversando, trocando experiÊncias (não me entendam mal).
Enfim, o multiplayer via internet apenas ampliou esse número de pessoas. Ao invés de me restringir a pessoas que eu conhecia em um raio de alguns kilômetros, agora eu jogo com um desconhecido do outro lado do mundo.
Fiz algumas amizades jogando jogos multiplayers e continuarei a fazer. Começando de uma simples partida de um street fighter ou de um call of duty, onde conversávamos dos resultados do jogo até chegar o ponto de contar sobre o que aconteceu no dia-a-dia, no trabalho, nas viagens que já fez, nos acontecimentos particulares.
Mas respondendo à pergunta, não acredito que o Multiplayer fez dos games uma experiência social, mas sim a internet.
Multiplayer sempre existiu, mas foi a internet que permitiu que a socialização ocorresse nos jogos, assim como em vários outros segmentos.
Muito bom o Tópico.
@Henrique,
Que bom que gostou, cara.
Funciona sim, principalmente porque acaba transformando os consoles em uma porta para outras atividades que não somente jogar, jogar e jogar.
Sobre o multiplayer, cara, eu quis dizer, talvez não tenha ficado claro no artigo, que ele, juntamente com a internet e o fato de que ela é o que possibilida que milhões de jogadores acessem a mesma rede, acaba transformando os games, os consoles, as partidas multiplayer, em verdadeiros eventos sociais, muitas vezes.
Eu sentia uma certa solidão, quando tinha meu Atari, meu Master, Mega, Saturn, etc. Isto mudou com os games para PC, e depois com o Xbox. O segundo controle até ajudava, e ajuda ainda, mas é meio que limitado, né. O que já não ocorre com a internet e o suporte ao multiplayer presente nos games.
Hoje você joga com gente que nem conhece, muitas vezes. Acaba fazendo amigos. O segundo controle não permitia isso, pois o cara no outro controle era seu amigo, conhecido, etc…hehehehehe 🙂
E realmente, o multiplayer sempre existiu, mas não com o poder que ele tem hoje. 🙂
caramba que texto bom 🙂 …realmente um pc/videogame sem net não é nada
Valeu Heitor. 🙂
Com certeza. Se é para ter um computador ou console sem conexão, eu, sinceramente, prefiro não ter…rsrsrs 80% da graça vai embora…rsrsrsrs
Até que no PC eu ainda consigo jogar vários jogos sem estar necessariamente conectado.
Já no Xbox não consigo.
O Xbox como um todo virou um grande ponto de encontro com meus amigos virtuais.
Mesmo que seja para jogar um jogo single player, eu gosto de estar na live, trocar umas mensagens, entrar em um grupo, bater papo mesmo.
No PC temos o chat do STEAM, MSN, Gtalk,enfim, uma infinidade de alternativas para bater papo também. Porém, neste último, eu ainda consigo jogar sem a necessidade de estar conectado.
É, isso é verdade. O Xbox acaba sendo mais sociável ainda, Henrique.
Não dá pra ligar o bichão sem entrar na Live, e ver as mensagens dos amigos, conversar com eles durante as partidas, etc. Headset é outro item obrigatório…rsrs
Mesmo jogando games singleplayer, muitas vezes acabamos conversando muito, durante. Aliás, pessoas jogando games diferente trocam mensagens constantemente. Eu mesmo passo por isto, e é muito bacana. 🙂
Eu sou fã de vários jogos singleplayer, mas devo dizer que depois de Left 4 Dead e a Steam fiquei maravilhado pelo mundo co-op e multiplayer online. É muito divertido!
Mesmo assim, os jogos elaborados e voltados ao singleplayer sempre terão um lugar reservado no meu coração gamer hehe
Infelizmente o meu (e o de muitos gamers mais velhos) tempo disponível para jogos diminuiu bastante, o que tem restringido meu prazer de um belo jogo com singleplayer beeem longo.
@Erick,
Também sou muito fã de singleplayer, Erick. Adoro me envolver com a história. Mas é também muito legal trocar uns tiros em um FPS, com os amigos, por exemplo, trocando idéias no headset, dando risada, etc. É muito bacana. O tempo é realmente complicado, mas apesar de adorar o multiplayer, não deixo o singleplayer. Digamos que dou aos dois a mesma importância. 🙂
@Henrique,
Não me fale mal de Mass Effect, hein? huahuahuahua
Brincadeira…rs 🙂
Cara, quando você tiver uma patroa, uma dona da pensão, aí vai ver o que é falta de tempo pra jogar…hehehehe
Eu tenho jogado mais singleplayer, ultimamente, apesar de que agora, com o SC II isto mude bastante. Aliás, Erick, Henrique, pessoal, vamos marcar umas partidas. 🙂
Realmente Erick.
Tempo é um grande problema viu hehehe.
Se jogos bem longos for um problema pra você, então passe beeeeem longe de Mass Effect , apesar de achar que cada minuto gasto lá é uma experiência e tanto.
Eu também quase não tenho tempo cara pra jogar.
Agora até tenho um pouco pq não tenho patroa no pedaço hehehe. Então acaba que sobra um tempinho extra.
Mas é complicado se dedicar a um jogo mesmo.
Eu particularmente tenho jogado praticamente jogos Multiplayers. Adoro a intereção com os jogadores e tudo mais 🙂
Mas também adoro um singleplayer com uma história bem elaborada.
@Marcos.
Longe de mim falar mal do Mass Effect. Esse jogo é uma obra de arte hahaha.
Quanto ao SCII, já está marcado. Qualquer dia da semana, qualquer hora da noite hauhauha.
@Henrique,
Hehehehehehehehehehe…
Belíssimo jogo, não me canso de falar, elogiar, etc. 🙂
Cara, joguei singleplayer do SC II ontem à noite, fiquei esperando o Rodrigo ou você aparecerem, mas ninguém apareceu…rsrsrsrs
a ese jogo ai e omelhor