Já estamos aí com um novo “Humble Bundle” no ar. O “The Humble Introversion Bundle“, dedicado a jogos da desenvolvedora inglesa Introversion Software. Este novo bundle foi lançado em 22 de Novembro de 2011, ou seja, menos de um mês após o “The Humble Voxatron Debut“, o qual foi lançado em 31 de Outubro.
Bom, em 28 de Setembro tivemos o “Humble Frozen Synapse Bundle“, o qual teve como antecessor o “The Humble Frozenbyte Bundle“, em 12 de Abril. Esta iniciativa, a qual é uma verdadeira empresa, a Humble Bundle, Inc., a qual está sediada em São Francisco, nos Estados Unidos, começou em Abril de 2010, com o primeiro “The Humble Indie Bundle“. O “The Humble Indie Bundle 2” foi ao ar somente em Dezembro de 2010, e o terceiro foi lançado em Julho de 2011. O site da iniciativa, aliás, já diz que o “Humble Indie Bundle #4” está chegando em breve. Aliás, esqueci algum bundle? Se esqueci, por gentileza, me avisem.
Não nego que se trata de uma iniciativa a princípio muito bacana, principalmente pelo apoio às instituições de caridade. Não nego, também, que seja uma ótima maneira de comprarmos ótimos jogos pagando o preço que nossa consciência ditar. Não nego, também, que gostamos. Não nego que já comprei e compro os bundles. É claro. Todos adoramos descontos e preços bacanas. Entretanto, se pararmos para pensar bem, talvez o pessoal da Humble Bundle, Inc. já esteja começando a crescer. “Crescer os olhos”, pensar em vender cada vez mais, pensar em lançar Humble Bundle’s com intervalos menores, etc.
Este ano já tivemos 3 Humble Bundle’s, e um novo já está nos planos, sendo dito inclusive o seguinte a seu respeito: “Humble Indie Bundle #4 is coming soon!“. Não duvido nada de que este novo pacote seja lançado ainda este ano, e, assim, teremos 1 por trimestre em 2011. É claro que esta iniciativa ajuda bastante não somente aos jogadores, mas também aos desenvolvedores independentes, os quais muitas vezes não conseguem inserir seus jogos em outros canais de venda, ou enfrentam grandes dificuldades ou têm de passar por diversos percalços em sua dura caminhada. E o lado humano da iniciativa também é fantástico, é claro, com os devidos benefícios para a “Electronic Frontier Foundation” e a “Child’s Play Charity”.
Tudo isto é verdade, eu sei. O que estou querendo dizer com tudo isto é: existem mesmo grandes diferenças entre um desenvolvedor independente e outro não independente, desconsiderando-se aqui o fator monetário? Devemos mesmo classificar um título como “indie game”, como o próprio Steam faz (e indie game lá é gênero?), somente porque ele, talvez, não conte com o apoio de uma publisher? Muitos indie games não são muito mais interessantes e criativos do que os ditos “AAA”?
Será que este tipo de rótulo não seria meio que nocivo, ao criar um nicho ilusório que poderia ser explorado por grandes empresas, algumas delas até mesmo mal intencionadas? Será que a Wolfire Games criou a Humble Bundle, Inc. com boas intenções? Este último link mostra que o processo pode ter iniciado em Abril de 2011. O domínio humblebundle.com está em nome da mesma empresa, e foi registrado em Maio de 2010. Antes disso a iniciativa não tinha um domínio próprio. Aliás, será que a Wolfire continua por trás do Humble Bundle? Ou será que ela é a única responsável?
O que impede de, por exemplo, que alguma grande publisher ou outra empresa qualquer tente adquirir a Humble Bundle, Inc., e passar a dominar até mesmo este “nicho”? Bom, com todos os desenvolvedores sendo independentes, a chance de pular fora estará disponível. Mas uma grande publisher como a EA, por exemplo, adquirindo a “marca”, poderia muito bem passar a fazer ofertas irrecusáveis a todos os desenvolvedores e empresas envolvidos. E será que todos, no final das contas, iriam pular fora? Claro, esta é uma suposição, e nada indica que a empresa será vendida.
Mas cada “rodada” fecha sempre com grande número de vendas, e o faturamento chega a ultrapassar a casa de 1 milhão de dólares. Neste momento, mesmo, o “The Humble Introversion Bundle” já passou dos 427 mil dólares em vendas. E só fazem 3 dias que ele foi lançado. Será que pequenos e grandes desenvolvedores e publishers pensam mesmo de maneiras diferentes, principalmente quando vêem o dinheiro entrando nos cofres?
Será que já não passou da hora de pararmos de falar em indie games e falarmos apenas em games? Tanto faz quem desenvolve, como desenvolve, onde desenvolve ou de que forma desenvolve, desde que tudo seja feito dentro da legalidade. E se o resultado for bom, porque ele deve ser desmerecido só por não contar com uma Activision como guarda costas? Uma empresa pode ser independente e ainda assim contar com o apoio de uma publisher. Outras podem também serem independentes e não contarem com o apoio de nenhuma publisher.
A Frozenbyte continua sendo dona da série Trine, por exemplo, mesmo com a presença da Atlus em Trine 2. A Flying Wild Hog é uma empresa independente que lançou um jogo que deixa muitos “AAA” no chinelo. A britânica Splash Damage também é uma empresa independente. O fato de Brink ter sido lançado tendo a Bethesda Softworks como sua publisher não fez dele, entretanto, um game bacana. E se formos pensar em exemplos similares ficaremos talvez pensando por horas, ou dias.
Creio que o termo “indie game” pode ter começado a chamar muita atenção. Indie games geralmente são criativos, inovadores, muito chamativos, bonitos, e desenvolvidos quase sempre com muito esmero. Talvez pessoas ligadas à indústria, seja em que nível for, já tenham percebido isto. Aliás, é muito provável que sim, pois vejam só o exemplo de Bastion, da Supergiant Games, o qual já foi lançado sob as asas da Warner. E parabéns ao pessoal da Supergiant, por isto.
Nada contra. Bons trabalhos devem ser sempre reconhecidos, e se um estúdio consegue o apoio de uma publisher, melhor para ele. O problema (ou um dos) é quando, por exemplo, algumas publishers simplesmente fecham determinados estúdios que adquiriram devido à ganância, ou então simplesmente devido a algumas metas não terem sido atingidas. É como se somente o “dinheiro falasse”, nestes momentos, e todo o trabalho anterior do estúdio, trabalho este que com certeza ajudou a encher os cofres da publisher, fosse jogado no lixo. Kaos Studios e Bizarre Creations que o digam.
É claro que o termo “indie game” vai perdurar por muito tempo ainda. Ele é “bonito”. Ele é “legal”. Não nego que indie games me surpreendem até hoje (olha o rótulo aí), e publico muito a respeito deles. Gosto de diversos deles. Gosto de diversos desenvolvedores independentes. Independentemente de qualquer coisa, indie games têm fornecido grandes doses de inovação, nos últimos tempos. O próprio XboxPlus conta com diversos artigos, matérias, reviews, etc, a respeito de indie games. Mas não se trata de uma questão de diferenciar um “indie game” de um “não indie game”.
Creio que o termo “indie game” deve ser utilizado com cautela. Um indie game é um produto, um jogo eletrônico como qualquer outro (desconsiderando-se quaisquer itens relativos a qualidade e similares), e não deve ser considerado como o resultado de uma empresa ou um desenvolvedor pertencente a um “nicho” privilegiado, ou subestimado, ou dotado de “super poderes” na hora de desenvolver.
Assim como a qualidade ou não de um jogo eletrônico não pode ser mensurada através de seu preço, ela também não o pode ser através da simples classificação do jogo como “indie” ou “não indie”. Jogos eletrônicos são jogos eletrônicos, tenham eles sido desenvolvidos por uma mega corporação ou por um desenvolvedor solitário que mora em um “lugar frio, nublado, com muita neve, e (onde) o nascer do sol é sempre uma pequena alegria“.
Sinto que o Humble Bundle esteja se tornando frequente demais. Mal terminaram o atual e já falam no próximo. A Humble Bundle, Inc. já está se parecendo com grandes empresas que anunciam DLC’s antes do lançamento de um título. Já existem ofertas de emprego na empresa. Ela já conta com o apoio de diversas outras, como por exemplo a Sequoia Capital (atuante em diversos setores), e até mesmo com o suporte de Paul Buchheit.
Tudo isto pode significar muita coisa, como pode não significar nada. A única certeza é que de pequena a “iniciativa” já não tem mais nada. Suas ações daqui em diante, creio eu, serão cada vez mais frequentes, ou seja, bundles todos os meses, quem sabe. Isto acaba provocando um certo cansaço, e todos aqueles bons olhos que se voltaram para o primeiro bundle lançado talvez não sejam mais tão amigáveis. Aliás, um serviço que contém os dizeres abaixo em seus termos de serviço não me parece mais o “velho Humble Indie Bundle”:
“Nós podemos permanentemente ou temporariamente cancelar ou suspender seu acesso ao Serviço, sem aviso prévio e compromissos financeiros, por qualquer motivo“. É claro que no caso de jogos ativáveis no Steam isto jamais será aplicado. Mas e no caso de jogos ainda não ativáveis, por exemplo?
Acho que podemos aguardar pelo Humble Indie Bundle 4 antes do final de 2011.
Indie virou um rótulo para a galera “alternativa”, pró-ocupação da USP, anti-sistema ou quem gosta de privilegiar o pequeno só porque é pequeno, quem se declara “hipster” ou gosta de fumar Free, “uma questão de bom senso”. Existe gente que avalia e apóia o “movimento” só porque é “independente”, seja na indústria dos jogos, na música, na poesia e até nas artes plásticas. Dizem que é a salvação, o futuro! O inverso também é verdadeiro: tem gente que abomina tudo isso só porque parece ser tosco. Quem se deslumbra com gráficos fotorrealistas, elenco estelar na dublagem, música de orquestra sinfônica e cutscenes de cinema, torce o nariz para o indie.
Se eu não me engano foi o Fábio Sooner que levantou a bola que tem que se avaliar os jogos “indie” como se fossem jogos e ponto final. Indie é rótulo, não é gênero. Tem jogo bom, tem jogo ruim, tem jogo maravilhoso, tem jogo imbecil.
@C. Aquino (@desgastada),
Virou sim, Aquino. Rótulos. Para que isso? Criou-se mesmo esse esquema meio underground, alternativo, etc, para indie games. Muitos desenvolvedores e jogos indie são até mesmo idolatrados. Podem existir jogos bons e ruins, tenham sido desenvolvidos por empresas enormes ou por apenas uma pessoa. Eu aprecio jogos. Gosto de bons jogos, e posso muito bem gostar de um título da THQ e não de um indie, e vice-versa.
@André Gabriotti,
Sim, sim, André. Foi o que disse ao Aquino e no próprio texto. Existem bons jogos indies e não indies. Rótulos não querem dizer nada. Adoro World of Goo, por exemplo, e detesto Brink. E por aí vai. 🙂
Grande abraço!
Senhores, indie game é um jogo produzido com recursos próprios de uma empresa pequena, sem o auxílio monetário de uma grande publisher. Pronto! Pra quê cair na besteira de criticar a qualidade quando existem jogos bons e ruins indie e bons e ruins de grandes publishers??? Qual é o ponto? Quem rotula é o mesmo pessoal que rotula música, filme, pessoas, etc … Deixa esse pessoal de lado que nem vale a pena! É importante investir em bons jogos indie sim, mas não adoração ao rótulo.
Abraços!
@Marcos A.T. Silva
Exatamente! Da mesma forma que identificamos grandes jogos como bons ou ruins podemos identificá-los no mundo dos indie games. O problema que vejo são os fanáticos/rotuladores que escolhem ou o indie ou o grande mercado como bandeira. Isso é ridículo! 🙂
Abraços!
@André Gabriotti,
Isso mesmo, André! 🙂
Eu mesmo não escolho indies ou jogos, digamos, “AAA”. Quero bons games, e da mesma forma que posso odiar um “grande”, posso adorar um “pequeno”. Acho que tudo é relativo. É realmente ridículo rotularmos jogos desta forma, e vejo gente simplesmente, muitas vezes, ignorando bons jogos devido a isto.
Grande abraço!
Tentei comprar várias vezes, mas não consigo. Em casa, não estou conseguindo acessar o PayPal e no trabalho, não consigo acessar o site.
@Hawk,
Puxa, Hawk, que chato. Tenta falar com os caras, no suporte técnico deles.
opa, quanto mais humble melhor 😀
@Heitor,
Sei não, viu Heitor. Se por um lado somos beneficiados, o negócio já está se transformando em outra coisa. De humilde não tem mais nada…rsrsrsrs
Existe jogo bom e jogo ruim, como vocês falaram, ponto final.
A maioria dos indies eu acho bom, mas tb tem muitos que eu não pagaria nem $1, mas vc entra em qualquer site ou fórum e tem alguem fazendo hype por joguinho que eu não compro nem por preço de chiclete.
Isso do humble bundle já tá ficando exagerado mesmo, 4 por ano tá OK, mas se fizerem 5 ou mais já é exagero, tá perdendo aquele brilho da idéia inicial me parece. Nem deu tempo de respirar do último e já apareceu outro.
@taczbr,
Com certeza, concordo totalmente. Tem jogo bom tanto “indie” quando “não indie”. Estes rótulos talvez sirvam pra colocar os caras em posições privilegiadas, muitas vezes. Se o jogo merece, até que vai. Mas em caso contrário…rsrsrsrs
Eu acho que 4 Humble Bundles por ano estaria de bom tamanho. Mas acho que ainda veremos outro antes do final de ano. Já está ficando chato. Já passa outra impressão. E nem todos são tão chamativos quanto eram os primeiros. Sei lá, parece que foram “contaminados” pelo “vírus” da grande indústria…rs
A quantidade de lançamentos assusta pela quantidade não pelo valor, essa frequência acaba com a expectativa e desmotiva a compra, pelo menos no meu caso.
@Hideki T,
Justamente. Já está meio que “enchendo o saco”. Sei lá, viu. Desmotiva mesmo. Qual será o próximo? rsrsrsrsrsrs